Livros

3 livros que me surpreenderam positivamente em 2024

Confesso que em 2024 não fui uma leitora muito assídua. Li pouco e também escrevi pouco. Mas consegui finalizar algumas leituras ao longo do ano, quase todos eles relacionados de alguma forma ao trabalho, mas enfim… Consegui.

Separei aqui 3 livros que me surpreenderam positivamente ao longo deste ano e foram um bálsamo para meu dia a dia corrido.

Kim Jiyoung, nascida em 1982

Autora: Cho Nam-joo

Editora: Intrínseca

Páginas: 176

Sinopse: Com narrativa sutil e ao mesmo tempo arrebatadora, Kim Jiyoung, nascida em 1982 retrata a realidade de uma jovem coreana e os profundos impactos da desigualdade de gênero na vida das mulheres.

Em um pequeno apartamento nos arredores da frenética Seul vive Kim Jiyoung. Uma millennial comum, Jiyoung largou seu emprego em uma agência de marketing para cuidar da filha recém-nascida em tempo integral ― como se espera de tantas mulheres coreanas. Mas, em pouco tempo, ela começa a apresentar sintomas estranhos, que preocupam o marido e os sogros: Jiyoung personifica vozes de outras mulheres conhecidas ― vivas e mortas. A estranheza de seu comportamento cresce na mesma proporção que a frustração do marido, que acaba aconselhando a esposa a se consultar com um psiquiatra.

Toda a sua trajetória é, então, contada ao médico. Nascida em 1982 e com o nome mais comum entre as meninas coreanas, Kim Jiyoung rapidamente se dá conta de como é desfavorecida frente ao irmão mimado. Seu comportamento sempre é vigiado e cobrado pelos homens ao seu redor: desde os professores do ensino fundamental, que impõem uniformes rígidos às meninas, até os colegas de trabalho, que instalam uma câmera escondida no banheiro feminino para postar fotos íntimas das mulheres em sites pornográficos. Aos olhos do pai, é culpa de Jiyoung que os homens a assediem; aos olhos do marido, é dever dela abandonar a carreira para cuidar da casa e da filha.

A vida dolorosamente comum de Kim Jiyoung vai contra os avanços da Coreia do Sul, uma vez que o país abandona as políticas de controle de natalidade e “planejamento familiar” ― que privilegiava o nascimento de meninos ― e aprova uma nova legislação contra a discriminação de gênero. Diante de tudo isso, será que seu psiquiatra pode curá-la ou sequer descobrir o que realmente a aflige? Best-seller internacional, Kim Jiyoung, nascida em 1982 é uma obra poderosa e contemporânea que não só atinge o âmago da individualidade feminina, como também questiona o papel da mulher em âmbito universal.

Meus comentários: Esse livro foi uma leitura do Correio Feminino, um clube de leitura que lê livros escritos por mulheres ou com protagonistas mulheres. A história da Jiyoung em si não me surpreendeu por já ter bastante contato com a cultura coreana através de outros livros e séries, mas de qualquer forma, a maneira como ela escreve, de forma direta, trouxe muitas reflexões sobre a crueldade que mulheres passam diariamente na Coreia do Sul e em muitos momentos também refleti sobre minha própria vida, porque, afinal de contas, mulheres passam pelos mesmíssimos problemas em qualquer parte do mundo. Acho uma leitura necessária para quem não conhece a cultura do país, e mulheres no geral que são da década de 1980 vão se conectar com esse livro.

“Jiyoung cresceu ouvindo que deveria ser cuidadosa, se vestir de modo conservador, agir como uma ‘mocinha’. Que era responsabilidade dela evitar lugares, horários e pessoas perigosas. Que a culpa era dela por não perceber isso e não evitar.”

Uma vez

Autor: Morris Gleitzman

Editora: Paz & Terra

Páginas: 160

Sinopse: Felix Salinger, um menino judeu que mora na Polônia, adora ler e é ótimo em escrever e contar histórias. E é isso o que ele mais faz enquanto espera, num orfanato católico, o pai e a mãe, que foram cuidar da livraria da família. Uma vez, na fila do jantar, Felix ganhou uma sopa com uma cenoura inteira. Naqueles tempos em que era impossível até mesmo ter pão fresquinho no café da manhã, uma cenoura inteira só podia ser um sinal. A mensagem ficou mais clara quando livros judeus da biblioteca do orfanato foram transformados em uma imensa fogueira. Seus pais e a livraria da família estavam em perigo. O garoto sabia que precisava voltar para casa para ajudá-los.
Assim começa a jornada de Felix por um país tomado por soldados nazistas, vizinhos delatores, mas também por pessoas dispostas a ajudar. A incrível imaginação do garoto é sua melhor companhia para compreender a terrível realidade que o cerca.
Este é um livro especial, que nos faz testemunhas do horror do Holocausto pelo doce e inocente olhar de uma criança. É uma história delicada, que nos faz pensar sobre intolerância, racismo, abuso de poder, perda e luto. Mas que também afirma o poder da amizade, da perseverança e da literatura para construir um mundo melhor. 

Meus comentários: Para quem gosta de leituras sobre a Segunda Guerra Mundial, e, principalmente, para quem é fã de Anne Frank, vai gostar muito desse livro. É uma literatura infantojuvenil, narrada por uma criança refugiada, então aborda a questão da guerra de forma sensível e inocente. É um ótimo livro a ser adotado em escolas também. Achei maravilhoso!

“Todo mundo merece ter alguma coisa boa na vida pelo menos uma vez.”

Cinderela Chinesa

Autora: Adeline Yen Mah

Editora: Seguinte

Páginas: 176

Sinopse: Quinta filha de um milionário chinês, Adeline perdeu a mãe apenas duas semanas depois de nascer. Além de sofrer com a hostilidade dos irmãos, que a responsabilizam pela morte da mãe, Adeline ainda sofre com a indiferença do pai e a crueldade da madrasta. A segunda mulher de seu pai despreza os filhos do casamento anterior, que vivem pobremente, limitados a três refeições diárias e a apenas uma muda de roupa além do uniforme escolar. O pai ignora o que acontece em casa, deixando o terreno livre para a madrasta. Por ter ousado contrariá-la e por apresentar um rendimento exemplar na escola, Adeline padece nas mãos dessa mulher, que parece ter saído diretamente da fábula Cinderela. Por isso, acaba num colégio interno, sem visitas nem presentes, e é nos livros que encontra refúgio para sua tristeza e solidão. É dessas leituras que vem sua redenção: aos catorze anos, ela se inscreve em um concurso internacional de peças teatrais para alunos de língua inglesa, e ganha. A partir daí, Adeline tem a chance de escapar do seu destino. O resultado dessa experiência extraordinária é Cinderela chinesa, best-seller internacional que fala com sensibilidade sobre a superação de uma infância extremamente infeliz.

Meus comentários: Foi o melhor livro de 2024, com certeza. Eu chorei horrores e me surpreendi sobre como o ser humano pode ser cruel. É um livro autobiográfico, e eu amo autobiografias! A melhor parte é como essa mulher, que foi tão maltratada durante toda a sua infância, conseguiu em algum momento se desprender e seguir em frente. Claro, não sem os danos causados, mas sim, ela seguiu em frente.

“Apesar dos meus escritos e minha ficha escolar, minhas colegas certamente suspeitavam que havia algo patético em mim. Eu nunca falava da minha família; não fazia nem aceitava convites para fora da escola; e sempre me recusava a comer os doces ou guloseimas que minhas amigas traziam. O corte do meu cabelo, os sapatos, as meias e a pasta de livros não despertavam inveja. Ninguém de casa jamais vinha ficar comigo no dia da entrega de prêmios, apesar dos muitos prêmios que eu recebera.”

Se vocês quiserem, posso fazer vídeos com comentários mais aprofundados de cada um.

Beijos e até 2025! <3

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